Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos com a promessa de mudanças no comércio internacional. O foco inicial está nas tarifas contra a China, que podem gerar efeitos positivos ao agro do Brasil em cadeias como soja e sorgo, por exemplo. O cenário parece favorável também para carnes e petróleo.
Expansão de exportação de soja
O Brasil é o maior beneficiado pela disputa comercial entre Estados Unidos e China no mercado de soja. Durante a guerra comercial de 2018, as tarifas chinesas de 25% sobre a soja americana fizeram a participação do Brasil no mercado chinês saltar de 52% para 74%, enquanto os EUA recuaram para apenas 16%. Mesmo após o acordo entre China e EUA, o Brasil continuou dominando, atingiu 65% em 2022/23. Com novas tarifas na era Trump, o Brasil deve consolidar a posição de principal fornecedor de soja para a China. A oportunidade de expansão existe, mas é limitada, pois já estamos em patamares historicamente altos.
Expansão de exportação de sorgo
A Abramilho afirma que, num primeiro momento, caso ocorram restrições ao sorgo dos Estados Unidos, elas podem gerar oportunidade para aumentar a exportação do milho brasileiro para a China em substituição ao sorgo. No segundo momento, incentivar a produção de sorgo para também vender para Pequim.
Manutenção exportação de carne bovina do Brasil
No setor de carne bovina, os EUA foram o segundo maior comprador da carne bovina brasileira em 2024. Para 2025, é esperado que haja oportunidade. O volume comprado deverá ser igualmente recorde, dado que a produção norte-americana está baixa e o preço do Brasil está atrativo em dólar. Se houver tarifas de Trump contra o Brasil, num segundo momento, elas podem tirar algum fôlego do mercado exportador de proteínas.
Para o Itaú BBA, o sebo bovino do Brasil tem mais chance de ser taxado do que a carne bovina. Isso ocorreria para fomentar o consumo de soja e milho para a produção de biocombustível nos Estados Unidos e proteger o eleitorado rural que apoia Trump.
Redução de custo via petróleo
O anúncio de investimentos do governo Trump na expansão da produção de petróleo favorece o recuo no preço global. Nesta segunda-feira (20), o barril WTI recuou 5%, repercutindo o plano do republicano. A StoneX e o CBIE enxergam pressão baixista no preço do óleo, o que é um fator favorável à redução de custo de produção agrícola.
Para o agro brasileiro, a nova Era Trump traz um horizonte de oportunidades, em soja e sorgo, onde o Brasil pode ocupar espaços deixados pelos EUA. Mas, os riscos de tarifas futuras contra o Brasil não devem ser desprezados. Os impactos reais vão depender das decisões que ainda estão por vir.